VLVL2 (9): The Tube

Terrance lycidas2 at earthlink.net
Sun Nov 9 20:39:45 CST 2003


Paulo Francis 

Mas nenhum poeta vivo e atuante é considerado como Thomas Pynchon ou
Martin Amis. Pynchon acaba de lançar "Vineland", o romance mais
discutido do momento, que já está em segundo lugar na lista de
best-sellers do "New York Times". Me pergunto se não é o esnobismo
cultural, que leva muita gente a comprar esse livro para tê-lo na
estante, para mostrar aos amigos. Não consegui, por exemplo, ler
"Gravity's Rainbow", a última obra de Pynchon, 17 anos atrás, e mais uma
vez embatuquei com "Vineland", apesar de admirar o humor de Pynchon,
como quando ele coloca Woody Allen, como "Jovem Kissinger". Mas as
personagens centrais se chamam Frenesi Gates, mulha, e o "vilão" se
chama Brock Vond. Mais uma vez confesso meu caretismo matriculado. Não
vou me agachar para ler história em quadrinhos. Dá reumatismo. Frenesi é
corrupta. É uma "donnée" que todo mundo é corrupto 
em arte supostamente séria nos EUA. É tão indiscriminada e
inespecificada essa caracterização que equivale à "inocência" artificial
e bajuladora do populacho da Hollywood do tempos dos grandes estúdios.
Não sei se me entendem. Se não, azar. E Pynchon, Jesus Cristo, culpa a
televisão, o "tubo", a máquina de fazer doido de Sérgio Porto, por tudo.
"O tubo está envenenando o teu cérebro". Minha opinião é que cérebro
envenenado por televisão estava procurando veneno. Assim como quem se
vicia em droga é porque se viciaria em qualquer outra coisa semelhante,
ou seja, por deficiência e vulnerabilidade pessoais. (...) Martin Amis é
diferente. No Oxford Companion de literatura inglesa, editado por
Margaret Drabble, que comprei, o quê? Alguns anos atrás, ele não é
sequer citado, mas seu pai, Kingsley Amis, sim, e na época Martin Amis
quando era comentado chamavam de Amis fils, filho. Agora, não há a menor
chance de que isso aconteça. Ao contrário. O provável é que chamem
Kingsley Amis de père. Martin Amis se tornou o escritor mais famoso da
Inglaterra. Sem o gênio comercial de Pynchon,
ainda não é best-seller automático. E parece que desagrada às feministas
americanas que têm enorme influência nos suplementos literários dos EUA
e que promovem "n" moçoilas fuleiras que produzem ficção idem e que
somem sem deixar traço depois do primeiro ou segundo livro. Há por
exemplo no novo livro de Martin Amis um personagem chamado Keith Talent.
Keith fuque-fuque todas as mulheres e nunca está saciado. Um garanhão
como nos livros pornográficos da nossa infância. Mas não há tentativa de
agradar, Keith é um monstro. Maltrata horrendamente sua mulher e outras
mulheres. Come troços pelando com um molho tão forte que lhe sai fumaça
pelos ouvidos e nariz. Usa um perfume chamado "Outrage". Estamos, I'm
sorry to say, novamente no terreno de historias em quadrinhos.



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